terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Maestrick - Espresso Della Vita: Solare (2018)


A música, seja ela de qualquer vertente ou gênero, tem a incrível capacidade de emocionar e proporcionar ao ouvinte uma sensação única e indescritível. Sendo guiado pela visão da imaginação virtuosa e pela grande paisagem sonora, a banda iniciou o ano de 2018 com um registro muito interessante, sendo o belo resultado de um período muito criativo. As doze músicas do álbum condizem perfeitamente o que estou descrevendo, as canções são verdadeiras trilhas sonoras para sonhar em um mundo cheio de magia, melancolia e beleza, aliados à uma variada gama de influências. 

“Espresso Della Vita: Solare”, novo álbum do grupo de Rock/Metal Progressivo Maestrick, foi lançado no dia 28 de Junho e é o sucessor do excelente “Unpuzzle”! e do ótimo EP “The Trick Side Of Some Songs”. O segundo registro da banda é uma obra conceitual e traz como tema: as observações da vida humana pela perspectiva de uma viagem de trem. O disco tem a produção de Adair Daufembach (Project46, John Wayne, Hangar), convenhamos um belo trabalho, pois a parte instrumental e vocal está bem nítida e desenvolvida nos mínimos detalhes. 

O álbum inicia-se com a intrigante “Origami”, faixa esta que se utiliza perfeitamente de elementos sinfônicos, acompanhados por riffs agressivos e melódicos. “I Am Living” tem muita influência de bandas consagradas do Progressive Rock, mais precisamente do YES, ela ainda nos brinda com um belíssimo e virtuoso solo de guitarra. “Rooster Race” possui uma bela introdução de viola em conjunto com um belo canto de berrante, tudo isso aliado ao peso do Prog Metal. “Daily View” soa com uma “faixa tributo” ao grandioso Queen, destaque para a excelente performance do vocalista Fábio Caldeira. A quinta faixa denominada “Water Birds” é uma “volta” aos anos 70, belas linhas de teclado, coros e belos arranjos fazem desta uma das minhas favoritas do álbum. “Keep Trying” é mais direta e com passagens mais virtuosas de teclado, sem abrir mão do peso das guitarras. Destacaria também as faixas “Across the River” e “Trainsition”, a primeira é uma belíssima balada, com influência do Soul, que certamente emocionará o ouvinte. A segunda é um épico com mais de dez minutos de duração que mescla todas as características da banda: versatilidade, agressividade e genialidade. 



Permita-se levar à uma jornada de mais de uma hora de duração, através de mistério e indagações. Sua mente cria o filme e o álbum entrega a trilha sonora, elevando você ao reino astral e transportando-o para novas alturas de prazer musical, poucas vezes realizadas. Todo este álbum é tão comovente, calmante, quase meditativo sem tentar ser, e é uma rotina diária na minha lista de ouvintes. “Espresso Della Vita: Solare” é um álbum único que brilha com sua perfeição e profundidade emocional. Portanto, meus caros amigos do Terreiro do Heavy Metal e amantes do Rock e Heavy Metal, não deixem de conferir tal obra, pois estamos diante de uma de um dos grandes lançamentos do ano, levando em conta o cenário nacional e internacional.
Esse é um daqueles materiais que requer do ouvinte muitas audições, pois é muito rico musicalmente. Adquira, ouça e compartilhe com os amigos o material dos rapazes e se você não conhece a banda, esta aí uma excelente oportunidade, pois qualidade e competência a banda tem de sobra !!

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Fábio Caldeira - Vocal e piano
Renato Somera - Baixo
Heitor Matos - Bateria
Neemias Teixeira - Teclado

1. Origami
2. I a.m. Living
3. Rooster Race
4. Daily View
5. Water Birds
6. Keep Trying
7. The Seed
8. Far West
9. Across the River
10. Penitência
11. Hijos de la Tierra
12. Trainsition

Redigido por Kaique da Silva Costa

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Nightbreed - Beyond Inferno (2018)


Vai ano e vem ano e sempre somos surpreendidos com ótimos lançamentos de bandas que buscam um maior reconhecimento. Lançado oficialmente em 31 de janeiro de 2018, Beyond Inferno é o segundo álbum de inéditas do quinteto grego denominado Nightbreed, e se mostra mais bem produzido e mais maduro que o seu antecessor, o ótimo auto intitulado de 2015. E o que encontramos aqui é o mais puro e honesto Thrash Metal, com influências latentes de Exumer, Exodus e Testament. 
O álbum se inicia com a faixa “Chained To The Nightmare” uma inusitada e belíssima introdução composta por teclados e uma atmosfera bem épica. Em seguida, temos a brutal “Beyond Inferno”, onde o vocalista Nir Beer esbanja toda sua fúria com seus vocais ultra raivosos, acompanhado de riffs cortantes e solos de guitarras bem encaixados, “Psychotic Crime” começa de forma mais cadenciada, mas vai ganhando mais peso, nota se também ótimas dobras de guitarras, mostrando o bom entrosamento dos guitarristas Stelios Makris e George Kyriazis.


Na sequência temos a crua e certeira “Graves Below”, faixa esta para nenhum fã de Thrash Metal colocar defeito.”Ripped By Chains” alterna momentos mais cadenciados e acelerados, mas se mostra muito bem elaborada com ótimos riffs e uma cozinha bem feita, a sexta música denominada “Coven Of The Soulless “ é um verdadeiro soco no estômago de tamanha agressividade, que não dá o mínimo de descanso ao ouvinte, sem dúvidas,um dos pontos mais altos do registro. Dando andamento ao álbum temos a trabalhada “Infinite Space...Infinite Terror”, onde o maior destaque fica para o solo de guitarra extremamente virtuoso e bem executado.

A faixa “Prowling Evil” flerta em alguns momentos com o heavy, mas sem perder a agressividade característica do Thrash. A penúltima faixa “The Lynching” soa como manda o manual do gênero, faixa esta que leva o ouvinte ao completo êxtase de tamanha brutalidade, encerrando o registro temos a brilhante “Human Sacrifice” que começa com um riff bem cadenciado, mas com o desenrolar a mesma vai ganhando peso e quando menos se espera somos presenteados com belas linhas de baixo e um dedilhado sensacional, sem dúvidas o maior destaque do álbum.
Portanto, meus caros, eis aqui uma obra de altíssimo nível, que, com certeza, agradará a todos os amantes do gênero. “Beyond Inferno” nos mostra que o Metal moderno não precisa ser reinventado, mas que precisa ser honesto e competente naquilo que sem propõe a fazer. Sem pestanejar um dos melhores álbuns do Thrash Metal de 2018. 


Formação:
Nir Beer: Vocal
Stelios Makris: Guitarra
George K: Guitarras
Alexandros Gousios: Baixo
George Panoudis: Bateria

Tracklist:
01. Chained To The Nightmare (Intro)
02. Beyond Inferno
03. Psychotic Crime
04. Graves Below
05. Ripped By Chains
06. Coven Of The Soulless
07. Infinite Space...Infinite Terror
08. Prowling Evil
09. The Lynching
10. Human Sacrifice

sábado, 1 de setembro de 2018

Imago Mortis - LSD (2018)

No primeiro semestre a banda de Heavy/Doom Metal Imago Mortis lançou o álbum conceitual "LSD", após 12 anos de hiato. "LSD" é a sigla para Love, Sex and Death (Amor, Sexo e Morte). Para quem não conhece a banda, é uma banda de Heavy Metal com fortes influências do Doom, dando uma profundidade que é acompanhada pela lírica da banda. Onde ela mesmo se denomina como uma banda que possui "um rock mais agressivo, visceral e brutal até a uma doce sinfonia, com calmas melodias e arranjos introspectivos". E mesmo tanto tempo sem lançar material novo, essa identidade se manteve fiel.

Iniciando pela forma mais simplista de descrever algo, denomino esse álbum como uma montanha russa musical, correspondendo ao que a banda se propõe a fazer, ou seja, contempla todos os gostos, um álbum que preenche todas as lacunas dentro de sua identidade sonora. Cabe destacar o excelente nível de produção desse álbum, algo necessário em um trabalho que incorpora além do tradicional (vocal, baixo, guitarra, bateria) boas linhas de teclado e outros instrumentos como o bodhran e o derbak. Na parte criativa nota-se uma grande qualidade musical nos riffs, nas linhas de baixo e destaco o trabalho da bateria com linhas extremamente interessantes saindo do padrão. Cabe salientar o vocal extremamente único de Alex Voorhees, que reforça a identidade da banda, mas percebi uma ligeira mudança no estilo em algumas linhas, mais grave que em outros trabalhos. As linhas guturais muito bem executadas.


A primeira faixa do álbum, "The LSD Theorem" é uma prova de personalidade e arrojo da banda, afinal é uma faixa de 13 minutos, que se não é uma faixa que realmente prenda o ouvinte, corre o risco do mesmo postergar a sua audição mas  ela prende! Carregada de elementos ela desperta a curiosidade, sai do lugar comum. A faixa tem como objetivo explicar o conceito do álbum a ligação entre o amor, o sexo e a morte e as demais faixas contam uma história que segundo a banda "oferece uma visão epistemológica sobre o mito do amor romântico, elaborado a partir de estudos da antropóloga Helen Fisher, assim como a filosofia clássica, cultura e poesia, além das próprias indagações existenciais e experiências pessoais". É interessante em um primeiro momento seguir a ordem das faixas.

A segunda faixa, "Binary Viscerae", mostra um lado mais pesado do álbum, com linhas guturais, mantendo a escuta intensa mas oscila com um refrão mais cadenciado, a pegada mantem-se com "Hieros Gamos", mas a dinâmica se inverte nas linhas vocais, refrão gutural e as demais linhas limpas, essa faixa é bem legal pelo elemento "folk" do meio oriente. Na quarta faixa, a "montanha russa" do álbum vai para baixo com "Incantation", a primeira "balada" onde Voorhees mostra a sua capacidade de interpretação e dramaticidade, ambientalizando o contexto da faixa, depois a pegada mantem-se em "The Promise", onde há a participação de Julia Crystal dando o toque feminino. Toque que é mantido com Mariana Figueiredo em "Two Headed Chimera", onde há o retorno de uma certa agressividade, casando com o contexto da letra também. A "Farewell Kiss" mostra o lado "Doom", com densidade, que é mantida em "Black Widow" mas com uma cara mais Heavy, principalmente no refrão.

A nona faixa, "Exile" volta para linha mais lenta e provida de dramaticidade abrindo porta para a instrumental "Exile", um solo de piano que dá a atmosfera de tristeza condizente com o momento do álbum que será reforçado pela "Epitáfio de Um Amor", uma recitação poética com uma faixa instrumental. O álbum encerra-se com "Love, Sex and Death (Theme)" replicando os elementos Doom e a densidade interpretativa com linhas guturais.
"LSD" é o que eu chamo de um álbum "all arround", versátil, contemplando todas as facetas da banda. À titulo pessoal, gosto mais das faixas mais agressivas, mas as demais são musicalmente excelentes composições.


Alex Voorhees - Vocal
André Delacroix - Bateria
Rafael Rassan - Guitarra
Charles Soulz - Teclado
Paulo Ricardo Silva - Baixo
Daemon Ross - Guitrarra 

1. The Lsd Theorem
2. Binary Viscerae
3. Hieros Gamos
4. Incantation 
5. The Promise 
6. Two Headed Chimaera 
7. A Farewell Kiss 
8. Black Widow 
9. Alone
10. Exile 
11. Epitáfio De Um Amor 
12. Love Sex And Death (Theme)

Lançamento: Die Hard Records


segunda-feira, 16 de julho de 2018

Cruentator - Ain't War Hell? (2018)

Se há uma certeza quando nos referimos ao cenário do metal na atualidade, é a de que estamos vivendo uma fase maravilhosa e extremamente produtiva.
Com o revival das bandas do Metal oitentista, temos visto cada vez mais bandas surgindo e fazendo Metal de excelência para fazer até os mais saudosistas e reféns daquela época, ficarem encantados com tantas ótimas bandas ao redor do mundo e, trabalhos incríveis sendo feitos. Muitas bandas surgidas na primeira década pós 2000, vêm cada vez mais consolidando seus nomes no cenário do metal e conquistando cada vez mais fãs. Outras, recém-formadas e ainda engatinhando, despontam para o cenário em 2018 debutando com trabalhos repletos de qualidade e muita competência. Quero falar de uma banda específica, formada na Itália e, que debutaram em janeiro de 2018, com um álbum bastante coeso, técnico e carregado das melhores influências do Metal 80/90, sendo as influências mais perceptíveis Kreator, Demolition Hammer, Morbid Saint, Sadus, Razor e Sodom.


A banda Cruentator (thrash/death) foi formada em 2015 por ex - membros da banda Bowel Stell (Gore brutal). O Cruentator faz um Thrash Metal da mais pura qualidade, devastador e altamente viciante e técnico. O álbum debutante "Ain't War Hell?", traz oito faixas de metal abrasivo, raivoso e agressivo, em uma verdadeira mostra do metal feito para não deixar ninguém parado, esta foi a aposta da banda e, foi de fato um tiro certeiro.
São 32 minutos de muita paulada e a certeza de que é uma banda que tem futuro pelo enorme potencial apresentado e a qual deveremos prestar atenção e aguardar os frutos deste excelente trabalho, com destaque para as faixas: "Evil Is Prowling Around", "Merciless Extermination", "Tyrants of the Wasteland" e "Cluster Terror". 



Ambro - Vocal
Vanni - Baixo
Riccardo - Bateria
Omar - Guitarra
Massi - Guitarra

1. Merciless Extermination
2. Tyrants Of The Wasteland
3. Barbaric Violence
4. Evil Is Prowling Around
5. The Nightstalker
6. Marching Into A Minefield
7. The Shining Hate
8. Cluster Terror

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Evilizers - Center Of The Grave (2018)

É impressionante a gama de ótimas bandas que estão surgindo dentro do Metal, grupos de extrema qualidade que buscam um reconhecimento dentro do cenário com trabalhos interessantes e honestos. O Evilizers foi fundado em 2013 pelo guitarrista Fabio Novarese e pelo baixista Alessio Scoccati, inicialmente como banda cover do lendário Judas Priest, mas em meados de 2017 a banda começou a compor músicas autorais.

“Center Of The Grave” é o álbum de estreia da banda italiana, o debut possui 9 faixas de certa forma bem imprevisíveis (no bom sentido e claro huahaauh), e o que encontramos no som dos rapazes é o mais puro Heavy Metal tradicional com pitadas do Doom e em alguns momentos do Thrash Metal. 


A faixa de abertura denominada “Machinery of Evil” é uma introdução de certa forma bem instigante, composta pelos mais variados ruídos de máquinas. ”Evilizers” com seu instrumental bem coeso é um Heavy tradicional com refrões bem viciantes ao melhor estilo Judas Priest e Accept. Em seguida, temos “Final Goal”, uma faixa mais melódica que a sua antecessora, com belos duetos de guitarra e uma cozinha certeira que também são os destaque desta canção.
“Metal Is Undead”, a quarta faixa do álbum, nos brinda com uma introdução ao melhor estilo Thrash Metal, a canção intercala bons solos de guitarras e uma quebra de ritmo bem bacana. Uma bela intro de baixo, cortesia do baixista Alessio Scoccati marca o início da excelente faixa título, além de riffs de guitarras inspirados e mais cadenciados ao melhor estilo Doom Metal tradicional. 
Dedilhados e uma intro com piano marcam a introspectiva “The End Is Near” que de certa forma casaram muito bem com a proposta da canção, mas com o desenrolar a mesma ganha um peso descomunal e ótimas performances de todos os integrantes, o que deixa bem evidente o entrosamento do grupo. “Break Up” e “Death Of The Sun” são faixas mais simples, mas bem viciantes e empolgam logo na primeira audição. Encerrando o álbum temos a magistral “Survival” com belíssimos arranjos, riffs e solos bastante inspirados, além de uma performance fantástica do vocalista Fabio Attacco.

Enfim, encerro esta resenha ressaltando o excelente debut “Center Of The Grave” dos italianos, que nos mostra em pouco mais de 30 minutos de duração, uma banda com muita maturidade, versatilidade e competência nas suas composições. Aos amantes do bom e honesto Heavy Metal, a indicação do registro é mais do que recomendada. Ouçam sem moderação!



Lineup:
Fabio Attacco - Vocal
Fabio Novarese - Guitarra
Davide Ruffa - Guitarra
Alessio Scoccati - Baixo
Giulio Murgia - Bateria e piano


Tracklist:
1. Machinery of Evil
2. Evilizers
3. Final Goal
4. Metal Is Undead
5. Center of the Grave
6. The End Is Near
7. Break Up
8. Death of the Sun
9. Survival

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Marduk - Viktoria (2018)

Após consolidada com a formação Morgan, Devo, Mortuus e Fredrik Widigns , o grande nome sueco do Black Metal, o Marduk, adentra o segundo semestre  de 2018 com “Viktoria”, certamente o disco mais audacioso da carreira da banda.
Liricamente focado em guerras e assuntos bélicos, tema mais do que recorrente na história da banda, "Viktoria" abre com destruidora “Werwolf”. Alternando entre momentos mais melódicos e de extrema violência, essa faixa serve bem pra destacar como o vocalista Mortuus evoluiu ao lado da banda, tamanha a versatilidade que demonstra ao longo do disco. Em “June 44”,  música que fala sobre o "Dia D", data que os 'Aliados' desembarcaram nas praias da Normandia para a grande ofensiva contra as tropas nazistas, o clima de violência chega com força em uma faixa simples, direto e muito veloz . Morgan toca de forma ríspida mas sem perder o felling e comprova mais uma vez porque merece estar no hall dos grandes músicos de Black Metal. Mortuus é mais uma vez impecável e o baterista Fredrik Widigns de igual qualidade, mostrando uma vitalidade e controle absurdo de seu kit. O baixo é discreto mas não deixa espaços e passa como um verdadeiro panzer! O refrão da música é de fácil assimilação e muito simples, certamente será cantada como um verdadeiro hino de guerra merece!

A pancadaria segue sem a menor piedade com a descomunal “Equestrian Bloodlust”. Extremamente agressiva e veloz, seu ritmo só é que quebrado por “paradinhas” (tipo aquelas que tem no Thrash Metal?!) que com certeza quebrarão o pescoço do ouvinte! Essa é uma das faixas que com certeza merece ser apresentada nos shows. Mortuus mais uma vez é violentamente primoroso e hoje em dia sabe como poucos usar toda a extensão e possibilidades da sua voz. Após a saída do vocalista anterior, me considerei meio órfão e agora posso finalmente afirmar que esse sentimento passou, é o melhor trabalho de Mortuus como vocalista da Marduk. A cozinha Devo/Fredrik mais uma vez mostra muito entrosamento e da todo o suporte necessário para a guitarra de Morgan soar como deve ser.


“Tiger I” da um quebra no ritmo do disco com sua pegada Sabbathica e puxada para o Doom Metal. Vocais arrastadas e um baixo mais presente conduzem o clima fúnebre da música que vai crescendo até descambar pra pancadaria plena! Que faixa! Em “Narva”, mais uma vez a banda faz um misto bem legal de velocidade e cadência. Dessa vez o baixo é ouvido e serve pra anunciar o clima de devastação pós-guerra que está por vir. Uma coisa que não pode ser esquecida de ser citada é a produção soberba de “Viktoria”. Todos os instrumentos soam cristalinos, ‘ouviveis’ (kkkkkk) e ainda sim descomunalmente pesados.
“The Last Fallen” atingirá o ouvinte com riffs cortantes, vocais gritados muito bem gravados e uma bateria extremamente agressiva, tanto nas partes mais arrastadas quanto nos blast Beats impressionantes de Fredrik. Uma das melhores faixa do disco!
A faixa título “Viktoria” é mais uma faixa que certamente pode pegar o ouvinte desavisado. Após um início violento e devastador como a explosão de uma granada a música é quebrada por uma passagem trabalhadíssima (até Progressiva) com uma passagem de baixo simplesmente hipnotizadora por parte de Devo, um dos membros mais antigos do Marduk, perdendo em permanência apenas para o seu próprio líder Morgan! Após esse momento de calmaria, tudo descamba novamente pra agressividade e a velocidade arrasadora que só um ataque aéreo em área de guerra é capaz de causar!

“The Devil's Song” começa com passadas de uma infantaria num campo de guerra, da até pra imaginar os corpos no chão e a destruição. Todo esse cenário mórbido só é confirmado por uma faixa veloz e brutal aonde as guitarra de Morgan da um show a parte alternando palhetadas cadenciadas e pesadas com passagens extremamente velozes e melódicas. Meu guitarrista preferido de Black Metal.
O disco chega ao fim com a diferentona “Silent Night”! Calcada totalmente no Doom Metal, ela é uma faixa que carrega uma densidade ímpar na carreira da banda e caiu como uma luva pra encerrar essa obra que traz um Marduk violento como de costume, mas sem medo de ousar. Certamente, este é o melhor disco da "era Mortuus" a frente da banda e tem tudo pra figurar nas famosas listas de melhores do ano.


Morgan Håkansson - Guitarra
M. "Devo" Andersson - Baixo
D. "Mortuus" Rostén - Vocal
Fredrik Widigns - Bateria

01. Werwolf
02. June 44
03. Equestrian Bloodlust
04. Tiger I
05. Narva
06. The Last Fallen
07. Viktoria
08. The Devil's Song
09. Silent Night

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Immortal - Northern Chaos Gods (2018)

Após a inesperada saída de seu frontman Abbath, muito se especulou quanto ao futuro do lendário Immortal. O lançamento rápido de um primeiro disco da banda de seu ex frontman e a demora do Immortal em anunciar seu futuro, só fez aumentar a desconfiança. Após a confirmação que Demonaz voltaria como música da banda, reassumiria a guitarra e também o vocal, uma chama negra de esperança e dúvida pairou na cabeça dos fãs da banda. Após mais demora, eis que finalmente em 2018 o Immortal quebra o silêncio!! “Northen Chaos God” não é somente um disco digno da carreira do grupo como pode ser colocado quase que imediatamente num patamar de clássicos como Battles In the North ou Sons of Northern Darkness.



A música que batiza o disco já poder ser considerada como um hino dessa nova fase!! Com riffs furiosos, bem trabalhados, um cozinha esmagadora e uma produção nota 10, tem tudo pra colocar o disco como um dos destaques desse ano e colocar a faixa “Northern Chaos Gods” entre os clássicos da banda. “Into The Battle” é a segunda faixa e é ainda mais veloz que a primeira faixa e mostra que todos esses anos de inatividade e silêncio fizeram bem a banda, que mesmo parecendo um pouco diferente, segue com suas principais características intactas.



“Gates Of Blashyrkh” da um quebra na velocidade do disco com uma faixa cadenciada e 'riffenta'. Essa é aquela faixa pra bater cabeça nos shows e certamente será um dos destaques, se executada ao vivo. “Grim And Dark” é uma das melhores faixas do disco e comprova todo o poder de fogo da nova formação e de Demonaz, um dos grandes personagens do estilo mas que nunca obteve tanto reconhecimento. Essa é uma faixa com andamentos variados entre riffs cadenciados pra sair batendo cabeça, pancadaria extrema e refrão grudento! Isso mesmo, refrão grudento!!



Demonaz foi guitarrista da banda nos clássicos entre os discos 'Diabolical Fullmoon Mysticism' à 'Blizzard Beasts' mas se afastou dos palcos devidos a graves problemas de tendinite. Esses problemas do passado, certamente deixarão na cabeça dos fãs outro ponto de interrogação quanto as apresentações ao vivo, mas no disco meu amigo, no disco!!! Essa lenda do Black Metal não deixou pedra sob pedra! “Called To Ice” da sequência na bolacha com a melhor faixa do disco. Riffs destruidores e um trabalho de bateria absurdamente foda por parte de Horgh, conduzirão o ouvinte aos gélidos ventos do norte em uma faixa de tirar o fôlego. Não é exagero dizer que estamos diante de uma das melhores músicas da banda, principalmente se analisarmos o trabalho da guitarra junto da ótima produção do disco, feita por parte da também lenda Peter Tägtgren (Hypocrisy). Riffs melódicos muito bem compostos se encaixam como uma luva em um trabalho simples e preciso de baixo e num trampo fantástico e cheio de felling na bateria pelas mãos e pés do competente Horgh, entre idas e vindas, presente na banda desde 1996.

“Where Mountains Rise” traz mais um momento de 'calmaria' (se é que é possível) em meio ao caos desse ótimo disco. Uma faixa melódica e até leve se comparada ao restante do disco, ela exalta as gélidas montanhas do norte com um clima mais clean, mesmo quando as coisas descambam pra pancadaria. Mais uma faixa de pegda diferente, extremo bom gosto e que mesmo assim não perde as características que fizeram do Immortal ter a importância que tem.
“Blacker Of Worlds” traz mais uma vez a velocidade a bolacha com uma faixa tipicamente Black Metal. Mais um trabalho soberbo nas guitarras com Riffs variados e ríspidos bateria na velocidade da luz.

“Might Ravendark” encerra o disco com seus mais de 9 minutos  e traz contornos épicos em uma faixa repleta de bons riffs, baixão pulsante porém discreto e uma bateria bem trampadinha. O vocal de Demonaz é uma aula a parte nessa faixa é só confirma o que foi ouvido ao longo do discos e dessa faixa, o cara realmente voltou e não veio pra brincar.
Conforme dito lá no começo, o Immortal voltou forte e vem pra certamente colocar seu nome novamente nas listas de melhores do ano. Não ter mais o Abbath na banda é uma grande perda, mas por incrível que pareça, ele não fez falta! Bom pra gente que temos um Immortal tão bom como sempre foi e a banda solo de seu ex líder, ambas fazendo música de qualidade! HAIL

Agora temos um canal de entrevistas no YouTube.com/TerreirodoHeavyMetal Se inscreve lá!!!


Demonaz (Harald Nævdal) - Vocal e guitarra
Horgh (Reidar Horghagen) - Bateria
Peter Tägtgren - Baixo e produção


1 Northern Chaos Gods
2 Into Battle Ride
3 Gates to Blashyrkh
4 Grim and Dark
5 Called to Ice
6 Where Mountains Rise
7 Blacker of Worlds
8 Mighty Ravendark

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Rhapsody Of Fire - Legendary Years (2017)

No ano passado, a banda de metal sinfônico Rhapsody of Fire lançou um álbum de releituras denominado "Legendary Years", no qual é a primeira produção sem o "frontman" Fabio Lione que atualmente é vocalista do Angra. Para quem não tá atualizado no "mercado do metal", a banda passou por um processo atípico de "fragmentação" consensual.

A banda que originalmente se chamava Rhapsody, passou a se chamar Rhapsody of Fire em 2006 por questões de naming rights, nesta época estava com a sua formação de "ouro", com Fabio Lione nos vocais, Luca Turilli e Dominique Lerquin nas guitarras, Patrice Guers no baixo, Alex Holzwarth nas baquetas e Alex Staropolli nos teclados. Em 2011, em um comunicado conjunto decidiu-se que haveria uma separação, Luca Turilli, com Patrice e Dominique criaram uma nova banda a Luca Turilli´s Rhapsody e Lione, Alex e Staropolli permaneceram na Rhapsody of Fire. Após a separação, a banda lançou dois álbuns de inéditas, e em 2016, Lione e Holzwarth saem da banda e ficando apenas Staropolli dessa formação bem sucedida e para confundir a cabeça de todos nós, todos os integrantes dessa época (exceto Staropolli) realizaram duas turnês de despedida, tocando os grandes clássicos da banda.

Como disse, "Legendary Years" é uma releitura de algumas das principais canções dos cinco primeiros álbuns da banda, ou seja, a banda entrou em estúdio e regravou tudo com a formação atual. O que podemos perceber logo de cara é o nível de produção, que está muito melhor, mais refinado, com as partes "orquestradas" melhoradas, nota-se principalmente essa melhoria nas regravações das faixas mais antigas. O curioso é que os solos do Staropolli não foram muito alterados, são bem semelhantes às versões originais.
Quanto a seleção das faixas, percebe-se que houve uma variação de estilos com faixas mais agressivas como "When Demons Awake" até as baladinhas como "Legendary Tales", uma boa forma de mostrar o "modus operandi" desse novo Rhapsody of Fire. Mas senti falta de alguns clássicos da banda como "Power of Dragonflame" e "Wisdom of the Kings", mas isso não quer dizer que não temos outras marcas registradas da banda como "Rain of Thousand Flames", "Emerald Sword" e "Dawn of Victory".


Em relação às cordas, destaco a fidelidade de Roby di Michelle em relação ao que era executado por Luca Turilli. A diferença maior é na produção, onde as guitarras são um pouco mais densas, dando um peso que muitas pessoas que torciam o nariz para a banda sentiam falta. O mesmo peso foi acrescentado ao baixo, que deixa a sonoridade mais "cheia". A bateria de Manu Loter também tem uma melhoria na produção comparando com a original, mais "trigada", com bastante destaque nos pedais duplos, dando mais "punch" principalmente em musicas mais rápidas como "Knightrider of Doom", "Holy Thnderforce", mas o maior destaque da percussão é visível na faixa derradeira do álbum "Rain of Thousand Flames". As linhas vocais estão muito bem executadas, a escolha de Giacomo Voli foi adequada, cumpre com a alta complexicidade de assumir o posto de Lione, entretanto o mais legal é que Giacomo não tenta imitar Lione, impõe a sua identidade nas músicas dando uma pegada mais "agressiva", com vocais mais rasgados, diferente do estilo mais erudito de seu antecessor.
O único ponto que poderia dizer que poderia ser melhorado, seria a interpretação nas músicas mais lentas, mas talvez seria renunciar a identidade própria nas linhas para fazer algo mais particular do Lione, porém tem algumas faixas que a versão atual me agradaram como "Dargor, Shadowlord of the Black Mountains" e "When Demons Awake" que é uma das músicas mais desafiadoras. 

"Legendary Years" é um excelente cartão de visitas de uma banda que valoriza muito o seu passado, mas que precisa se reinventar, seguir adiante, mostrar que pode ser referência mesmo sem aquela formação dos anos dourados. Obviamente, os próximos trabalhos serão determinantes, mas eu enxergo esse trabalho como uma forma de demonstrar para os fãs que coisas boas podem sair com esse pessoal. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos dessa história que tem mais de duas décadas.



Giacomo Voli - Vocal
Alex Staropoli - Teclado
Robyy de Micheli - Guitarra
Alessandro Sala - Bass
Manu Lotter - Bateria



01. Dawn Of Victory
02. Knightrider Of Doom
03. Flames Of Revenge
04. Beyond The Gates Of Infinity
05. Land Of Immortals
06. Emerald Sword
07. Legendary Tales
08. Dargor, Shadowlord Of The Black Mountain
09. When Demons Awake
10. Wings Of Destiny
11. Riding The Winds Of Eternity
12. The Dark Tower Of Abyss
13. Holy Thunderforce
14. Rain Of A Thousand Flames


sexta-feira, 22 de junho de 2018

Blitzkrieg - Judge Not (2018)

Falar do Blitzkrieg é chover no molhado. A lendária banda da NWOBHM liderada pelo excepcional Brian Ross dispensa maiores apresentações. Detentora de uma discografia praticamente impecável, o grupo vem mantendo ao longo dos anos a ótima forma, uma prova disso é o lançamento do seu mais novo registro de inéditas.


“Judge Not” foi lançado em 27 de abril de 2018 e é o sucessor do ótimo EP “Reign On Fire” de 2017. Não espere ouvir aqui nada de inovador dentro do estilo, mas o puro e honesto Heavy Metal tradicional da banda continua presente firme e forte, o que já é mais do que necessário para satisfazer os fãs do estilo.

O álbum se inicia com a instrumental “Heretic”, detentora de uma introdução macabra e um belo dueto de guitarras. Logo em seguida, temos a ótima “Who Is Blind” que alterna momentos mais cadenciados e mais rápidos, os belíssimos solos e riffs de guitarra também chamam muita a atenção. A melódica ”Forever is a Long Time” também é digna de elogios, com seu belo refrão e ótima performance de Brian Ross.
A pedrada “Reign on Fire” é um dos pontos mais altos do álbum, munida de riffs intensos e cativantes e uma bela interpretação de Ross. A faixa viciante “All Hell Is Breaking Loose” também é digna de elogios, o peso das linhas de baixo são bem perceptíveis, cortesia de Huw Holding. Seguindo uma pegada mais certeira e crua temos a tradicional “Angels or Demons”.




Com uma pegada Hard/Heavy e soando meio clichê temos “Loud and Proud”, dando sequência ao trabalho, temos a balada “Without You” com seu belo solo de guitarra. As faixas “Wide Legged and Headless” e “Judge Not, Lest You Yourself Be Judged” são outras músicas de grande destaque, riffs inspirados e agressividade ao melhor estilo tradicional ficam bem evidentes. Encerrando o álbum temos a épica ”Falling into Darkness“, que é um manto de riffs de doom que envolve você por sete minutos de duração. 
Em suma, um ótimo álbum que reúne todas as características de um grande lançamento de heavy metal tradicional, de uma das bandas mais injustiçadas da NWOBHM, digno de figurar entre os grandes lançamentos do gênero no ano. Imperdível!


Formação:
Brian Ross – Vocal
Ken Johnson – Guitarra
Alan Ross – Guitarra
Huw Holding – Baixo
Matt Graham – Bateria


01. Heretic
02. Who Is Blind
03. Forever Is a Long Time
04. Reign of Fire
05. All Hell Is Breaking Loose
06. Angels or Demons
07. Loud and Proud
09. Judge Not, Lest You Yourself Be Judged
10. Without You 09. Wide Legged and Headless
11. Falling Into Darkness

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Night - Raft Of The World (2017)

Século 21 se tornou tão politizado e cheio de ódio, dizer que apoia algo ou uma ideia se transformou em motivo de agreções verbais e até mesmo físicas. Sabemos que o ser humano ao mesmo tempo que necessita viver em sociedade não consegue conviver com a mesma, e por isso o aumento estrondoso de violência gratuita e sem nexo. Até onde vamos parar? Dentro do próprio meio do Metal vemos essas agressões, o antigo discurso de união hoje se tornou banal e esquecido. Uma ideia divergente é motivo de balbúrdia e 'motim', e pasmem, sem nenhuma argumentação concreta, apenas um ódio interno que queima sem fim. Como ser humano que sou, tenho direito de pensar, e eu penso que da mesma forma que aprendemos com os erros do passado podemos aprender com os acertos, pois podemos maximizar esses acertos e assim sermos mais bem sucedidos ainda. Socialmente falando, estamos regredindo a meios violentos e errôneos. Porém, em sentido musical, o Metal vem se renovando com o passado! Como assim? Permita-me levar-te para uma viagem no tempo em poucos minutos. 



Emergindo da Suécia em pleno 2011, a banda Night apresenta para nós um som belo, jovial mas muito saudosista. A banda lançou seu primeiro Full em 2013, sendo esse homônomio, o disco é virtuoso e nos apresenta bem a personalidade do grupo, vocais mais agudos, instrumental clássico das décadas de 70 e 80, e bastante energia. O segundo disco chamado de "Soldiers of Time" foi lançado em 2015, e mostra um bom amadurecimento dos jovens que optaram por utilizar um caminho que não colocasse por fim a banda em uma reta até o peso do metal, afinal, com o passar dos anos, o metal acabou por sempre procurar caminhos mais pesados e mais obscuros. E por fim, 2017 foi brindado com o belo, e esplêndido "Raft of The World", um disco saudosista e de alto calibre, que contempla a mais bela essência dos anos 70, até mesmo a essência lírica de saudosismo e simplicidade é ouvida neste disco. Sobre o conceito do álbum, Oskar, Vocalista da banda, disse: "Eu sentia uma necessidade extrema de me expressar em um nível mais pessoal, que realmente não tinha sido uma prioridade para mim antes de começar a trabalhar nas novas músicas. Vivendo em um mundo enlouquecido, constantemente cercado por pessoas cujo estilo de vida é basicamente enraizado na ganância (...) faz você pensar sobre o que é realmente importante na vida, acho que isso desencadeou meu fluxo criativo e filosófico que se manifestou nas novas músicas.".

A beleza do disco não vem unicamente de seu conceito e som, a arte do disco também chama atenção, por seus tons escuros de vermelho e preto. É um prazer poder entender o conceito de um disco desde sua capa, e é mais prazeroso ainda quando este conceito é belamente apresentado. Na arte do disco, podemos ver um navio, ou jangada (Raft), queimando meio a um imenso mar, simbolizando assim o curso de nosso planeta, afinal, a 'Jangada do Mundo' (tradução livre de "Raft of The World") está se destruindo e indo de mal a pior. E esse tema de depredação moral e social é abordado pela primeira canção do disco, "Fire Across The Sky". As primeiras frases ditas na música nos mostram o sentido a ser trabalhado pela obra: "Me siga pelo caminho de ilusões / Perto do Rio de Mentiras / Procurando um novo lugar para ir / Eu andei nos caminhos de ilusões / Unido por medo e desgraça / Até cair no desconhecido / Fogo atravéz do Céu / O Mundo está em seu fim". Sobre o instrumental, não preciso mencionar muito, afinal a banda segue a bela influência de grandes nomes como Budgie, Hawkwind, Millennium e Saxon. Um instrumental limpo, sem distorções 'metalizadoras' e muita genialidade. A bateria clássica e simples acompanha bem as cordas suaves apresentadas. Em "Surrender" o belo som mesclado de notas suaves, com uma base mais rítmica, passa ao ouvinte a sensação de pureza, qualidade, e confiança. Acho que neste álbum, a banda alcançou seu ápice de entrosamento, de criatividade e finalmente achou seu nicho dentro da música mundial. E fica mais evidente isso na faixa "Under The Gallows", que traz o estilo mais despojado do Rock Clássico, e o mescla com os ritmos mais metalizados, porém sem perder a sonoridade mais simples.


Na sequência, a pequena transição calma e bela, "Omberg" abre caminho para a mais agitada "Time", que foi escolhida para ser o clipe apresentado pela banda. A faixa segue os moldes do início do NWOBHM, juntamente de um baixo mais continuo, e guitarras batidas em power acchords e claro, o vocal de Oskar sempre em sua medida ideal. Além disso, os solos repletos de feeling criam mais uma atmosfera substantiva e perfeita para a canção. "Strike of Lightning" nos brada com muita categoria e sons maravilhosos, e muita criatividade. Guitarras mais fraseadas, juntamente de um baixo bem presente e uma bateria suave sintonizam com vocal de forma esplêndida. 

As 3 faixas finais do disco são matadoras, sentimos a voz de Oskar falando conosco, nos mostrando como vivemos num mundo decadente e sem sentimentos. "Winds" embeleza de uma forma maravilhosa o disco, voltando aos antigos moldes do princípio do NWOTHM, porém sem peso de distorções carregadas, ou bases mais poderosas, apenas com simplicidade e criatividade, a faixa domina os ouvintes e ecoa de forma inimaginável nos cérebros alheios. Mas quando você pensa que não tem como melhorar, eis que a perfeição exala, e talvez em toda minha vida, eu jamais tenha achado que uma balada seria tão boa, até escutar a bela "Coin In A Fountain". Caros leitores, amantes do Metal, e amigos. Esta música possui uma magia incompreensível, os vocais trabalhados em um belo Reverb, seguido de muito feeling dos violões, criam uma faixa extremamente simples, cativante, com presença e apaixonante. Talvez, seja está a faixa destaque deste disco para mim. Para finalizar o disco de forma coerente, "Where Silence Awaits" retoma o clássico Rock n'Roll que a banda vinha apresentando, os garotos suecos conseguiram finalizar um disco quase sem nenhum pecado. Venho por meio desta pequena resenha, ressaltar o quanto o disco é belo, e bem construído. Talvez seja assim que o som da perfeição soe.

Quando falamos sobre o passado, devíamos ver onde erramos e corrigir apenas eles. Infelizmente, hoje não conseguimos distinguir o que se deve ou não corrigir, muitos fatores influenciam, desde a polarização partidária e/ou ideológica, até a falta de incentivo educacional. O mundo tem se tornado uma grande bola de urânio, prestes a entrar em reação, e por fim, devastar tudo. A paz se esvaiu, o respeito já partiu, e a união já deixou de existir a muitas luas. Talvez a única faísca de esperança, possa ser erguida atravéz da VERDADEIRA ARTE, que sempre teve o poder de transformar, unir e apaziguar. O Night me orgulha imensamente devido a sua teimosa insistência de buscar a união atravéz de sua mentalidade e sua mensagem, eles buscam suas inspirações no passado, e trazem até nós um trabalho feito com amor, sem preconceitos, sem distinção, sem polarização, sem maldade. Eles apenas fazem seu som, ser o seu som, e mesmo sem gritarem por união, sentimos isso ao ouvir tal disco.

Redigido por Yurian Paiva


Oskar Andersson - Vocals, Guitars
Sammy "Filip" Peterson - Guitars
Joseph Max - Bass
Dennis Skoglund - Drums

Tracklist:
1. Fire Across the Sky
2.Surrender 
3.Under the Gallows
4.Omberg
5.Time
6.Strike of Lightning
7.Winds
8.Coin in a Fountain
9.Where Silence Awaits

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Riot - Armor Of Light (2018)

Eu venho avisando desde o ano passado e quem frequenta sempre o Terreiro ficou careca de ver eu falar que Riot lançaria um dos grandes discos de 2018 e em 26 de Abril isso se concretizou!

"Armor Of Light" é o 16° disco da veterana banda de Nova Iorque é o segundo lançamento após o falecimento de seu lendário líder Mark Reale, que esteja aonde estiver em seu descanso eterno, sem a menor dúvida posso afirmar que ele está muito orgulhoso do legado que sua banda continua escrevendo e honrando.
O baixista Donnie Van Stavern e o guitarrista Mike Fryntz foram muito felizes com as escolhas do alienígena/vocalista Todd Michael Hall, o novato e competente guitarrista Nick Lee, responsável por dividir um legado imenso nas seis cordas com Mike e o trator responsável pela bateria, no grande Frank Gilchriest.
Com o pé no acelerador, o disco abre com a veloz “Victory”, um dos primeiros singles do disco. Vigorosamente pesada, a música serve de bom aperitivo para o massacre que está por vir ao longo do play. Riffs cortantes e uma cozinha esmagadora impressionarão tanto velhos, quanto novos ouvintes e fãs. Seus solos são bem inspirados e são sustentados por uma cozinha que não deixará nada em pé! Todd, já desde seu primeiro disco com o Riot já se mostrou uma escolha corretíssima, algo que o próprio Reale faria; agora mais entrosado com a banda, da um show de interpretação, sempre técnico e com muita potência!!!




“End Of The World” tem um coro bem legal no começo, algo que até dá indícios para um daqueles Hardões que foram a marca da banda nos anos 70, mas não amigo! O pau fecha mais uma vez em uma faixa de cozinha brutal, baixão na cara e um trabalho de pedal duplo novamente impressionante!!! O veterano Frank esbanja saúde espancando sem o menor pudor o seu kit de bateria. As guitarras se revezam entre riffs velozes e cavalgadas, sempre complexas e com muito peso! Os solos tomam as rédeas da música alternando entre momentos de cadência, velocidade e passagens complexas, mostrando todo o poder da dupla Mike e Nick – poderia ate chamar de trio de guitarristas, já que o trabalho e a devoção de décadas de Reale à frente da banda, poderá ser sentido ao longo de todo o disco. Outra coisa a se destacar em “End Of The World” é seu refrão grudento e instigante!


Dando sequência no trem desgovernado que é Armor Of Light, vem a estúpida “Messiah” fazendo uma crítica bem inteligente aos falsos deuses. A faixa é velocidade e brutalidade do início ao fim com sua pegada totalmente Speed Metal e “paradinhas” que quebrarão qualquer pescoço. A música tem riffs muito bem construídos e performances notáveis por parte do vocalista Todd Michael Hall, já veterano de cena mas que canta como fosse um garoto. Que voz!! Outro que merece total destaque mais uma vez é o baterista Frank. O cara é um trator desgovernado e mesmo usando e abusando de muita, muita velocidade, não larga o felling em nenhum momento, sempre com viradas bem sacadas.
“Angels Thunder, Devil's Reign” não deixa a peteca cair e continua com aquela pegada alternada entre momentos de velocidade e passagens mais cadenciadas de derrubar o pescoço de um rinoceronte! O baixo chama os trabalhos nessa faixa com um solo curtinho mas bem, eficiente! Seu refrão é de um bom gosto extremo e com certeza não sairá da cabeça dos ouvintes. Certamente essa será um dos momentos mais festejados nos shows, caso ela seja tocada ao vivo.

“Burn The Daylight” traz uma pegada bem semelhante ao que a banda fez no progressivo The Privilege Of Power de 1990 e em meio ao seu instrumental pesado, traz diversas mudanças de tempo bem legais. Essa alternância nas guitarras, ora mais intrincadas, ora com riffs mais simples e Hard Rock, são calçadas mais um vez por uma cozinha esmagadora e vocais agudos muito potentes. Os solos são bem legais e com essa faceta mais progressiva são um dos grandes destaques do play nesse quesito. O grande mérito do disco é ver as guitarras solando maravilhosamente bem enquanto a cozinha não fica apenas de mera espectadora. O baixo e a bateria mudam o rumo das coisas e os solos acompanham inspiradamente. Peço atenção nessa faixa, uma das melhores do disco.
Outra que virou single e trouxe um clipe simples, porém legal foi a veloz “Heart Of A Lion”. Pra quem conhece a banda, certamente fará uma ligação imediata do riff de seu começo com a clássica Fight Or Fall de clássico Thundersteel de 1989. A bateria da as cartas no tom da música e mais uma vez o baterista Frank esbanja uma vitalidade absurda. Como diz aquele narrador da ESPN, QUE HOMEM!
Os riffs são simples e o vocal de Todd é mais uma vez altíssimo. O refrão é curtinho, empolgante, melódico e extremamente grudento e seus solos seguem essa mesma linha. O clima é quebrado por uma passagem cadenciada e complexa mostrando todo o entrosamento e a qualidade dos músicos pra depois cair novamente na pancadaria. Um verdadeiro presente ao metal oitentista e aos fãs da banda.


“Armor Of Light” é a encarregada de batizar o disco. Sua pegada direta desemboca em solos também rápidos e cheios de muito felling. Os duelos entre a dupla Nick e Mike são de um bom gosto tremendo ao longo do disco e nessa faixa não podia ser diferente. Mais uma música com um refrãozão marcante que promete ser cantada em uníssono nos shows da banda. Todd é incrível nessa música e se posta como uma das grandes vozes atualmente.
“Set The World Alight” é o primeiro oásis de calmaria do disco. Com um Groove diferente, guitarras mais limpas e cozinha marcada, a música tem uma veia Hard digna nos primórdios da banda lá nos anos 70. Todd aparece mais comedido na música, mas com a mesma qualidade e potência que nas anteriores apresentando uma ótima interpretação na faixa. Repleta de solos e cheia de detalhes, “Set The World Alight” define bem o que é o Riot clássico da primeira formação.
O disco da seguimento com a grudenta “San Antônio”. Uma faixa poderosa que alterna entre bons momentos de técnica e velocidade. Todd canta de forma instigante e é amparado por guitarras inspiradas e muito variadas em seus riffs. Hora de dar os devidos créditos ao novato Nick Lee que tem a honrosa missão de substituir ninguém menos que Mark Reale e com certeza o deixaria  orgulhoso!! Pequenino no tamanho mas gigante nas seis cordas.



“Caught In The Witches” segue uma linha mais Hardona e tem um riff bem legal que respira blues. Um pouco de Black Sabbath pode ser encontrado no baixo de Donnie Van Stavern, fazendo lembrar um pouquinho de Heaven And Hell. Os solos são bem divididos e mostram bem as características de cada um e ainda sim trazem uma pegada bem legal de coisas que Reale fez ou com certeza faria na banda. O disco flui com facilidade devido o tamanho das músicas que não passam de pouco mais de 5 minutos e são bem dinâmicas, mesmo que sendo diferentes entre si, tanto que já estamos na arrasa quarteirão “Ready To Shine”, uma das últimas do álbum e que faz referência ao clássico bordão da banda, SHINE ON. Todd mais uma vez da um show de interpretação alternando entre momentos mais graves e agudos potentes. O felling da bateria e o baixão trampado acompanham a pegada da música que mesmo sendo mais sofisticada (se é que justo chamá-la assim) não destoa do restante do disco.

O disco chega ao fim com a arrasa quarteirão “Raining Fire”! Faixa que serve muito bem pra resumir o que é esse turbilhão veloz, empolgante, brutal e extremamente técnico que é a banda há 40 anos. A faixa grita HEAVY METAL! O dia que alguém te perguntar o que é o estilo, pode mostra-la que a representação é corretíssima. Palhetadas certeiras, baixo esbanjando técnica, bateria com bastante velocidade e variações, além de vocais igualmente impressionantes e potentes. Música digna de colocar pra tocar num tanque de guerra e sair atropelando todo mundo!


Mesmo sem nenhum membro original e mesmo sem seu líder, a banda segue honrosamente e com a autorização do próprio pai de Reale a fazer o que seu filho fez por mais de quarenta anos e que mais amou na vida. Parabéns há Donnie e Mike pela coragem de continuarem com a banda e pelos recrutamentos certeiros de Todd, Nick e Frank. Eu, os fãs de Heavy Metal e principalmente Mark Reale, agradecemos!!

Como bônus, temos “Unbelief”, diferentona, mais Sabbathica e levada quase que totalmente carregada pelo baixo, é uma faixa legal, mas que não tem a mesma força das anteriores, por isso provavelmente não entrou na versão regular do disco. O segundo bônus é nada mais que uma regravação para o trem desgovernado chamado “Thundersteel”, o maior clássico do disco mais conhecido da banda. Nada foi mudado, não precisa, ela já é completa, só ganhou uma gravação com a formação atual. Pra quem nunca viu ou ouviu essa formação ao vivo, é legal pra ver como tudo é muito respeitado, sem firulas desnecessárias em velhos clássicos. Quer comprovar ainda mais isso, fomos presenteados também por um segundo CD, esse ao vivo, gravado na turnê do disco anterior Unleash The Fire no festival Keep It True. Quer saber porque o Riot é tão importante mesmo sendo tão desconhecido da galeria café com leite? OUÇA!!!


Todd Michael Hall - Vocal
Mike Flyntz - Guitarra
Nick Lee - Guitarra
Donnie Van Stavern - Baixo
Frank Gilchriest - Bateria

01. Victory
02. End Of The World
03. Messiah
04. Angel’s Thunder, Devil’s Reign
05. Burn The Daylight
06. Heart Of A Lion
07. Armor Of Light
08. Set The World Alight
09. San Antonio
10. Caught In the Witches Eye
11. Ready to Shine
12. Raining Fire
Bonus (Digipak):
13. Unbelief
14. Thundersteel (2018 Version)

CD 2 : Live Keep It True Festival 2015