segunda-feira, 29 de maio de 2017

Artillery - By Inheritance (1990)

Há 27 anos o lendário Artillery (The Official Page) entrava na década de 90 com lançamento de um dos melhores discos se sua carreira e da história do Thrash Metal.

O imponente "By Inheritance" traz a banda em seu maior nível técnico até o momento, a melódica e técnica intro "7:00 From Tashkent" já da uma boa mostra da catarse sonora que estaria por vir.
A brutal abertura com "Khomaniac" e todas as suas mudanças de tempos e riffs ao longo de quase 7 minutos é uma verdadeira viagem dentro do estilo. Até hoje está pra mim é o ponto alto do show e aonde Michael Stützer Hansen mostra porque mesmo sem o devido reconhecimento da grande maioria das pessoas que ouve metal, ele é um dos grandes guitarristas e compositores dentro do estilo. Flemming Rönsdorf também da show nessa faixa e se mostra bem confortável com esse "novo Artillery mais limpo e mais técnico.

A pedrada segue com a bangueante "Beneath the Clay (R.I.P.)" e seu andamento ora cadenciado, ora mais veloz, um convite pro mosh e mais um grande momento nos shows da banda até hoje, as linhas de bateria de Carsten Kjær Nielsen ao longo do disco e principalmente nessa música são insanas. A faixa que vem em seguida e que da nome ao disco remete bem a aquele Artillery mais direto dos primeiros discos mas nos entrega bem mais que isso, prova que a banda está muito mais madura, aqui em meio a passagens brutais, velocidade e pancadaria sem dó, investe num refrãozão bem melódico e mais cadenciado. Não precisa ser veloz o tempo todo para ser pesado, mais um ponto positivo para a banda que acertou em ser ousada.

"Boombfood" começa diferente, tem um andamento diferente, é uma das marcas desse "novo Artillery", privando por boas melodias sem largar mão do peso, da para dizer que essa música nem um Thrash Metal ela é, mas ela se enquadra perfeitamente no contexto do disco e traz um dos melhores solos dos irmãos Michael e Morten, que até então era baixista da banda e aqui faz sua estreia nas seis cordas. A semi-balada ganha corpo próximo de seu final e descamba sem dó para partes pesadas e velozes até voltar as suas partes mais calmas e dedilhadas, Flemming faz aqui mais uma grande performance e é um dos destaques da música.
As mudanças de tempo e melodias definem bem esse petardo e a faixa "Don't Believe" pode muito bem resumir o disco, cara de balada, passagens que remetem ao metal tradicional com riffs e viradas avassaladoras. Flemming aqui não é só um vocal de Thrash Metal, é um cantor completo viajando sem o menor pudor por passagens gritadas e mais agressivas e seus belos vocais limpos.
Após duas faixas mais diferentonas e digamos, até mais rediofônicas para a época, o Thrash retorna com força na veloz "Life In Bondage" além de suas passagens melódicas tem uns contratempos insanos e bem colocados, sem soar chato demais e ainda sim com uma veia mais Prog. Dessa vez quem rouba a cena é a ótima cozinha formada pelo baterista Carsten Nielsen e pelo estreante nas 4 cordas Peter Thorslund. A título de curiosidade, o baixista dos dois primeiros discos era o próprio Morten Stützer, que aqui assumiu a segunda guitarra.


"Equal At First" é pouco lembrada em show mais atuais, mas segue a pegada mais trampada do álbum e tem belos solos, cozinha cadenciada mas bem concisa e vocais fortes. A banda dessa vez investiu em um cover, e não apostou errado, o que já era bem pesado ganhou mais corpo ainda com a banda que fez em "Razamanaz", música da banda escocesa Nazareth um trampo foda. A música caiu com uma luva na pegada da banda, já que ela tem grandes solos e uma bateria pesadíssima e marcante, fora os vocais de Flemming Rönsdorf, que se assemelham demais em alguns momentos com os vocais clássicos e inconfundíveis de Dan McCafferty.

A última faixa "Back In The Trash" (sem H mesmo) promete aquilo que o seu nome já diz, essa tijolada aqui poderia muito bem figurar em qualquer um dos dois primeiros discos clássicos da banda. Seu andamento é mais direto, é mais Thrasão mesmo, mas a marca mais trampada desse novo trabalho aparece muito bem na faixa, lá pela sua metade a banda investe mais uma vez em passagens com influencias mais Progs e contratempos mais variados, mas sem largar mão de seu estilo, essa mistura Thrash com passagens mais complexas é uma marca da banda que até então chegaria em seu ápice, mas em cada disco que veio após este ela só melhorou.

Como as vezes nem sempre toda boa fase mostra a verdadeira realidade das coisas, após a turnê de By Inheritance a banda encerrou suas atividades em 1991, pouco mais de um ano após o lançamento do disco, e deixou seus fãs órfãos de novos discos até meados de outubro de 1999, mas aí já é história para outro dia....

Flemming Rönsdorf - Vocal
Michael Stützer - Guitars
Morten Stützer - Guitars
Peter Thorslund - Bass
Carsten Nielsen - Drums

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