domingo, 18 de junho de 2017

Heritage - Ominous Ritus (2017) / Review

Dia após dia aparecem gratas surpresas que nos mostram que o metal nacional está bem longe de morrer. Apesar que chamar o quarteto paulista formado em 2016 de "surpresa" chega a ser covardia. O Heritage é formado por Rodrigo Costa, Henrique Perestrelo, Douglas Barbosa e Hugo Golon. O experiente quarteto tem seu primeiro álbum, "Ominous Ritus", lançado pela KILL AGAIN Records. Os músicos tem passagens por importantes nomes do underground nacional como Blasthrash, Flagelador, Cemitério, Infected, Psychotic Eyes entre outros. Toda essa rodagem de seus membros pode ser claramente percebida ao longo do belo debut.
Boas escolhas nos timbres, produção certeira para o estilo e uma ótima capa a cargo do artista brasileiro
Marcio Aranha são uma boa mostra da experiência dos envolvidos.

O play abre com uma bela passagem calma e dedilhada, calmaria que precede o furacão "OBEY OR DIE " que abre o disco. Veloz, riffenta e com ótimas mudanças de tempo, a faixa é um verdadeiro presente para os fãs sedentos por um Thrash Metal direto e cru, mas sem abrir mão de boa técnica. Sem deixar cair a peteca, o belo e curto solo se emenda com blast beats insanos e muito bem colocados pelo baterista Hugo (Cemitério) e que só contribuem para a cacetada que é a abertura do petardo.

Sem espaço para respiro algum, "THE WATCHER" entra regaçando tudo com seu riff inspiradíssimo nas melhores escolas possíveis do Thrash Metal. O refrão grudento da faixa vai cair como uma luva nos shows da banda e promete ser cantada a plenos pulmões pelos bangers. Mais uma vez é preciso citar o trampo das guitarras nesse disco e todo o cuidado com os riffs que são a grande marca e ponto positivo do play.
A terceira faixa "ERADICATION IMMACULATE EXISTENCE" é um dos grandes pontos altos do disco, seu riff grudento e melódico é uma das melhores coisas que ouvi nos últimos anos dentro do estilo aqui no Brasil. Vocais gritados e uma cozinha direta ditam o ritmo das coisas até os solos fantásticos da dupla Ricky e Rhodz.
"LEPERS IN HYSTERIA" é mais uma prova da criatividade do quarteto que abriu todo seu arsenal de riffs e de boa ideias. A faixa tem uma levada brutal e se assemelha muito a bons nomes como Deathrow e Demolition Hammer. A cozinha Hugor/Drugz são disparados o grande destaque dessa faixa. O baixo inclusive, as vezes bem soterrado em produções irresponsáveis, aqui soa forte, pesado e determinante para a sonoridade matadora do álbum. Mais um grande ponto positivo no disco é sua produção que conseguiu deixar todos os instrumentos e vocais na cara, sem esconder nada ou abafar nada, como deve ser.
"BEWITCHMENT" é mais um dos destaques legais do disco. Seu instrumental trabalhado tem um Qzinho de Forbidden em seu DNA, mas nada que soe como uma cópia descarada e desnecessária. Em tempos aonde tudo é muito genérico, quem consegue com méritos saber usar suas boas influencias e ainda ser criativo merece todos os méritos.
 
Ricky consegue muito bem dividir as funções de guitarrista e vocalista da banda. Embora não seja um exemplo de vanguarda, os vocais gritados são muito bem feitos e com certeza vai agradar aos fãs do Thrash oitentista. Ouça com atenção "RAISE HELL" e "DR. CHAOS" e confirme o que estou dizendo!!!
"MIDNIGHT KILL" tem um comecinho veloz e avassalador, cheguei até a lembrar do finado Metallica dos anos 80! Palhetadas certeiras, riffs grudentos e melódicos aliados a vocais gritados e cozinha forte e marcante. Essa é uma das melhores faixas do disco. A curta duração das músicas faz o disco fluir com bastante facilidade pelo alto falante.
A faixa título "OMINOUS RITUAL" parece ter sido retirada diretamente de alguma máquina do tempo vinda direto dos anos 80. Vocais podrões e urrados fazem frente a uma banda entrosada e que embora com uma sonoridade simples, fez as escolhas certas e nos entregou um debut cativante.

"RAZOR'S PUNISHMENT" é o típico exemplo de Thrash Metal ignorante e ríspido. Em menos de 3 minutos a banda despeja sem dó seu arsenal de riffs inspirados e cheios de raiva. Extremamente cativante como o disco todo é, essa faixa descamba sem só pra pancadaria com blast beats violentos. Não é a toa que Hugo é um dos grandes bateristas desse país. O petardo termina da mesma maneira que começa, com o pé pesado no acelerador. "ASSASSIN LEGACY" de longe é a faixa mais ignorante do disco. Em menos de dois minutos a banda mostra toda sua força e entrosamento. Vocais gritados, guitarras cortantes e dotadas de bastante técnica e uma bateria destruidora colocam ponto final no disco. Só uma sensação fica no ar após essa catarse sonora que é "Ominous Ritus", a vontade de ouvir de novo o play e com uma boa cerveja gelada na mão!

 

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